terça-feira, 4 de outubro de 2016


      Caro aluno, nesta atividade, iremos conhecer uma importante área da filosofia: a filosofia da ciência. Nesse momento em que você já está mais familiarizado com a filosofia, é importante que você, aluno, continue a aprofundar seus estudos. Vamos conhecer um pouco mais da filosofia?

        Como surgiu o mundo? Qual a verdadeira origem do ser humano e da natureza? Por que existe uma determinada harmonia física entre o ser humano e a natureza? Estas e outras tantas perguntas também foram feitas pelos filósofos pré-socráticos, ou seja, os filósofos da natureza, que fizeram, portanto, uma cosmologia, estudo sobre a origem do universo, os quais contribuíram significativamente para com o pensamento ocidental. 
        
        Muitas dessas perguntas também serão feitas por outras formas de conhecimento, tais como o senso comum, a religião, o mito e, em destaque no nosso estudo, a ciência.
Assim, a religião e o mito buscam explicações divinas para melhor compreender os fatos e acontecimentos da existência humana. E a filosofia resgatou os temas da mitologia grega, mas de forma racional, formulando hipóteses lógico-argumentativas.


     O senso comum, por exemplo, é conhecimento espontâneo, baseado em dados sensoriais, crenças e preconceitos que expressam a experiência de uma comunidade. Serve para resolver os problemas práticos do dia a dia, para integrar os indivíduos nos comportamentos e valores estabelecidos pela sociedade e para orientação da vida. Ele não fornece a explicação e nem permite a compreensão da verdadeira natureza da realidade.

        Assim, podemos concluir que existem vários tipos de conhecimento. E o que difere um conhecimento do outro é o meio, a abordagem, enfim, o método que cada qual possui para tentar descobrir e avançar cada vez mais no interessante mundo da busca pelo saber.


Caro aluno, agora chegou a hora de exercitarmos o que foi estudado!

Leia com atenção e responda o que se pede. Acredite em você mesmo!

1. Perguntas elementares como "por que chove?" ou "de onde vem o relâmpago?" podem ser questões originárias de estudos científicos. Entretanto, essas perguntas também podem dar origem a respostas de caráter religioso e mítico, que se baseiam:

(A) na observação crítica e no registro diário das ocorrências naturais.
(B) em estudos sistemáticos sobre aspectos do mundo natural.
(C) na vontade de um Deus, de deuses ou em forças sobrenaturais.
(D) na importância central dos seres humanos na ordem das coisas.


2. “Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois foi o primeiro a afirmar a existência de um princípio originário único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que esse princípio é a água. Essa proposta é importantíssima... podendo com boa dose de razão ser qualificada como a primeira proposta filosófica daquilo que se costuma chamar civilização ocidental.” (REALE, Giovanni. História da filosofia: Antiguidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, 1990. p. 29.)

A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus primeiros filósofos foram os chamados pré-socráticos. De acordo com o texto, assinale a alternativa que expressa o principal problema por eles investigado.

A) A ética, enquanto investigação racional do agir humano.
B) A estética, enquanto estudo sobre o belo na arte.
C) A epistemologia, como avaliação dos procedimentos científicos.
D) A cosmologia, como investigação acerca da origem e da ordem do mundo.
E) A filosofia política, enquanto análise do Estado e sua legislação.


3. Ainda sobre o mesmo tema, é correto afirmar que a filosofia:
A) Surgiu como um discurso teórico, sem embasamento na realidade sensível, e em oposição aos mitos gregos.
B) Retomou os temas da mitologia grega, mas de forma racional, formulando hipóteses lógico-argumentativas.
C) Reafirmou a aspiração ateísta dos gregos, vetando qualquer prova da existência de alguma força divina.
D) Desprezou os conhecimentos produzidos por outros povos, graças à supremacia cultural dos gregos.
E) Estabeleceu-se como um discurso acrítico e teve suas teses endossadas pela força da tradição.


4. “Mais que saber identificar a natureza das contribuições substantivas dos primeiros filósofos é fundamental perceber a guinada de atitude que representam. A proliferação de óticas que deixam de ser endossada criticamente, por força da tradição ou da ‘imposição religiosa’, é o que mais merece ser destacado entre as propriedades que definem a filosoficidade.” (OLIVA, Alberto; GUERREIRO, Mario. Pré-socráticos: a invenção da filosofia. Campinas: Papirus, 2000. p. 24.)

Assinale a alternativa que apresenta a “guinada de atitude” que o texto afirma ter sido promovida pelos primeiros filósofos.
A) A aceitação acrítica das explicações tradicionais relativas aos acontecimentos naturais.
B) A discussão crítica das ideias e posições, que podem ser modificadas ou reformuladas.
C) A busca por uma verdade única e inquestionável, que pudesse substituir a verdade imposta pela religião.
D) A confiança na tradição e na “imposição religiosa” como fundamentos para o conhecimento.
E) A desconfiança na capacidade da razão em virtude da “proliferação de óticas” conflitantes entre si.





       Agora que já estudamos alguns tipos de conhecimento, vamos aprender o que é próprio da filosofia e o que é próprio da ciência. Assim, logo veremos o termo "ciência" nem sempre foi entendido da mesma maneira e, ainda hoje, existem divergências sobre o que deve, ou não, ser considerado científico.

         Tanto a Filosofia, tanto quanto as outras ciências, se preocupam com a satisfação das necessidades concretas do ser humano. A grande diferença está no momento em que essa preocupação se manifesta: para a ciência a satisfação é imediata; para a Filosofia a manifestação depende da corrente filosófica em questão.


        Ciência é conhecimento sistematizado, baseado na experiência, e metódico, que utiliza raciocínios, provas e demonstrações para obter conclusões rigorosas acerca do funcionamento da natureza. A Ciência usa processos metodológicos próprios para explicar os fenômenos naturais ou sociais. Pretende formular leis e teorias explicativas que permitam conhecer e controlar a natureza. É uma construção racional com base na análise metódica e objetiva dos fenômenos, onde ela explica de forma precisa, rigorosa e operacional tais fenômenos.


Caro aluno, agora você irá realizar alguns exercícios. Leia com atenção, pense e responda. Aqui também você irá aprender.

1. Na relação entre Filosofia e Ciência é correto afirmar que:

(A) a melhor maneira de definir ciência é, evitando a perspectiva filosófica, basear-se em estudos sistemáticos e racionais.
(B) a busca de respostas de caráter religioso e mítico tem maior probabilidade de se constituir em método mais adequado de descoberta.
(C) o termo "ciência" nem sempre foi entendido da mesma maneira e, ainda hoje, existem divergências sobre o que deve, ou não, ser considerado científico.
(D) desde o surgimento da filosofia moderna, a definição rigorosa e consensual de ciência passou a ser algo mais fácil de ser estabelecido.


2. Você estudou que a Filosofia tem como objetivo principal o pensamento racional. Assinale a alternativa que melhor se identifica com
esse pensamento:

(A) A crença religiosa, pois nesta, a verdade nos é apresentada através da revelação divina.
(B) O êxtase místico, que nos impulsiona ao espírito crítico. As emoções, que nos auxiliam nessa busca do raciocínio.
(C) O conhecimento das ciências, entendido como dotado de progresso, de continuidade.
(D) O pensamento religioso orienta o desenvolvimento da linha de raciocínio da Filosofia.


3. "Uma multidão de franceses acompanhava o cortejo de Jean Paul Sartre, sob o sol primaveril de Paris. Homens, mulheres, jovens e idosos choravam e lamentavam a morte do seu maior filósofo, dramaturgo e escritor dos últimos tempos..."
"Certa vez perguntaram a um filósofo: "para que serve a filosofia?" E ele respondeu: "Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações.""
As duas frases acima demonstram que a filosofia, além de fazer parte do cotidiano das pessoas pode ser:

(A) usada livremente, porém com restrições a determinados povos e períodos da história. (B) aplicada no dia a dia, pois ela torna o homem mais aberto a novas opiniões e permite o desenvolvimento do senso crítico.
(C) problemática, porque torna o conhecimento sobre as relações humanas mais complicadas. 
(D) praticada apenas por professores e estudantes da área, pois sua popularização é algo impraticável.


4. “Vivemos em um mundo que valoriza as aplicações imediatistas do conhecimento. O senso comum aplaude a pesquisa científica que visa à cura do câncer ou da AIDS (...) diante disso não é raro que alguém indague: Para que estudar filosofia se não vou precisar dela na minha vida profissional?”(ARRUDA ARANHA).
Após ler a afirmação anterior, assinale a opção que menos se harmoniza com a reflexão sobre a utilidade da Filosofia:

(A) Independente de não se perceber uma utilidade prática imediata da Filosofia, pode-se dizer que ela é necessária para estimular o indivíduo a pensar com a própria cabeça; a não ser um mero reprodutor de informações pensadas por outros e entregues a ele como verdade.
(B) O estudo da Filosofia leva em conta o fato de o homem não ter apenas necessidades materiais. Encara o homem como um ser que precisa de necessidades que vão além do mundo concreto.
(C) A Filosofia, como as outras ciências, preocupa-se com a satisfação das necessidades concretas do ser humano. A grande diferença está no momento em que essa preocupação se manifesta: para a ciência a satisfação é imediata; para a Filosofia a manifestação depende da corrente filosófica em questão.
(D) A Filosofia é necessária para possibilitar um olhar diferente daquele predominante e assim viabiliza outra dimensão da realidade, além das necessidades imediatas nas quais o indivíduo encontra-se mergulhado.





       Caro aluno, depois de analisarmos os vários tipos de conhecimentos e de compreender as características próprias da filosofia e da ciência, vamos estudar mais um assunto bem interessante na filosofia e também na ciência: é a questão do método.

              Você sabe o que significa método? Você possui algum método nas suas atividades cotidianas como, por exemplo, um método de estudo? Será mesmo necessário um método? A filosofia possui um método? E a ciência, também possui? Essas e outras perguntas serão o seu desafio a partir de agora.


         A questão do método é uma discussão existente desde a época do pensamento grego. Você se lembra de Sócrates, mestre de Platão? Ele já utilizava um método para filosofia. Era a maiêutica que significa “dar à luz”, “parto das ideias”, pois Sócrates defendia a ideia que o próprio discípulo (aluno) “descobriria” o conhecimento pelo seu esforço próprio. Mas foi na modernidade que esse assunto do método adquiriu maior importância. Nesse momento, vamos pedir auxílio a um famoso filósofo francês que marcou fortemente o pensamento moderno e até hoje suas ideias são intensamente discutidas. Ele também era matemático e você já deve ter ouvido falar dele. Esse filósofo se chama Descartes.



            A Idade Moderna é marcada por uma série de transformações tanto na área cultural, religiosa, política e social quanto na área econômica. Tais transformações possibilitaram um novo modo do homem europeu conceber o mundo. O período moderno da história do pensamento filosófico marca uma reviravolta, tanto na maneira de se produzir o conhecimento e as técnicas, quanto na maneira de as nações se organizarem comercial e socialmente. Com a dúvida metódica, Descartes, em o “Discurso do Método”, procura estabelecer os princípios de um método, de análise e de desenvolvimento do conhecimento, que não esteja apoiado nas orientações flutuantes dos sentidos, mas que se apoiem no uso ordenado da razão, no ato de cogitar.

                Assim, as regras do método são:

1° regra da evidência: “jamais admitir coisa alguma como verdadeira se não reconheço evidentemente como tal”; a não ser que se imponha a mim como evidente, de modo claro e distinto, não me permitindo a possibilidade de dúvida. Em outras palavras, precisamos evitar toda precipitação e todos os preconceitos. Só devo aceitar o que for evidente, quer dizer, aquilo do qual não posso duvidar.

2° regra da análise: “dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas forem possíveis”.

3° regra da síntese: “concluir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos para, aos poucos, como que por degraus, chegar aos mais complexos”.

4° regra da revisão: “Para cada caso, fazer enumerações as mais exatas possíveis... a ponto de estar certo de nada ter omitido” (Cf. Discurso do Método, II Parte).

              As partes da obra “Discurso do Método” são seis partes. Na primeira, encontramos diversas considerações referentes às ciências. Na segunda, as principais regras do método. Na terceira, algumas das regras da moral que tirou desse método. Na quarta, as razões pelas quais prova a existência de Deus e da alma humana, que são o fundamento de sua metafísica. Na quinta, a ordem das questões de física que investigou, e, particularmente, a explicação do movimento do coração e algumas outras dificuldades que concernem à Medicina, e depois, também a diferença que há entre nossa alma e a dos animais. E, na última, que coisas ele, Descartes, crê necessárias para ir mais adiante do que foi na pesquisa da natureza e que razões o levaram a escrever.

        Assim, a dúvida cartesiana não é qualquer tipo de dúvida, ela é metódica; bem diferente das dos céticos. A dúvida é o método de sua filosofia. É preciso pôr em dúvida todas as coisas, pelo menos uma vez na vida, diz Descartes. E esses questionamentos de Descartes influenciaram e muito a discussão do método nas ciências.

        Outro pensador importante que já havia antecipado também algumas discussões relativas ao método para se fazer ciência foi Francis Bacon que postulava leis universais com base em casos observados na experiência, os quais apresentam regularidade.

        Veja na figura que se segue um esboço do que é chamado de método científico. Observe e tire as suas próprias conclusões.





Caro aluno, agora chegou a hora de exercitarmos o que foi estudado!

Tenha atenção e faça os seguintes exercícios.

1. O conhecimento é resultado de uma relação entre um sujeito cognoscente e um objeto cognoscível, que se caracteriza como um processo

(A) desigual e desequilibrado, embora entre polos de conteúdos idênticos. 
(B) absoluto e imutável, na medida em que nenhum dos dois sofrerá qualquer modificação. (C) em que o sujeito não se transforma em função do objeto.
(D) no qual o sujeito, apreendendo as características do objeto, constrói em sua consciência, uma imagem ou representação do mesmo.


2. Tendo por base o método cartesiano da dúvida, é correto afirmar que:

A) Este método visa a remover os preconceitos e opiniões preconcebidas e encontrar uma verdade indubitável.
B) Ao engendrar a dúvida hiperbólica, o objetivo de Descartes era provar que suas antigas opiniões, submetidas ao escrutínio da dúvida, eram verdadeiras.
C) A dúvida hiperbólica é engendrada por Descartes para mostrar que não podemos
rejeitar como falso o que é apenas dubitável.
D) Só podemos dar assentimento às opiniões respaldadas pela tradição.
E) A dúvida metódica surge, no espírito humano, involuntariamente.


3. Leia o texto a seguir.
O pensamento moderno caracteriza-se pelo crescente abandono da ciência aristotélica. Um dos pensadores modernos desconfortáveis com a lógica dedutiva de Aristóteles – considerando que esta não permitia explicar o progresso do conhecimento científico – foi Francis Bacon. No livro Novum Organum, Bacon formulou o método indutivo como alternativa ao método lógico-dedutivo aristotélico.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Bacon, é correto afirmar que o método indutivo consiste:

A) na derivação de consequências lógicas com base no corpo de conhecimento de um dado período histórico.
B) no estabelecimento de leis universais e necessárias com base nas formas válidas do silogismo tal como preservado pelos medievais.
C) na postulação de leis universais com base em casos observados na experiência, os quais apresentam regularidade.
D) na inferência de leis naturais baseadas no testemunho de autoridades científicas aceitas universalmente.
E) na observação de casos particulares revelados pela experiência, os quais impedem a necessidade e a universalidade no estabelecimento das leis naturais.